A Igreja no Brasil celebra anualmente o Mês da Bíblia em agosto. Cada semana é dedicada a reflexões e orações sobre as vocações específicas para o sacerdócio, o matrimônio, a vida consagrada e aos múltiplos ministérios eclesiais dos leigos e leigas. Todos os batizados são vocacionados, chamados por Deus a uma missão específica. E a estes são conferidos pelo Espírito Santo uma diversidade de dons e carismas que capacita a todos para uma resposta generosa e alegre para o seguimento de Jesus. A Igreja é pois uma comunidade toda ela ministerial. Nenhum cristão pode ser omisso, pois nessa perspectiva vocacional ninguém é incapaz, invalido, inútil. Assim, o Mês das Vocações, quer despertar ou fomentar o amor-serviço de todos os cristãos.
Nessa primeira semana, a partir da comemoração do Dia do Padre, 04 de agosto, a Igreja se volta para a Vocação ao Pastoreio, na diversidade dos ministérios dos padres, diáconos e bispos. Estes foram escolhidos por Jesus Cristo, preparados por Ele ao longo de sua vida terrena e capacitados e enviados por Ele mesmo e pelo Espírito Santo para servir à comunhão de todos os fiéis servidores. São Paulo na Carta aos Efésios explicando a comunhão eclesial diz: “Cristo é a Cabeça da Igreja, vós (os batizados) os membros e alguns (pastores) são como que nervos e ligaduras que unem estreitamente todos os membros num só corpo” (Ef 4,16). Logo, essa Vocação ao Ministério Pastoral não é para dirigir, ou comandar, mas servir à unidade.
Se todos os batizados são chamados a concretizar a Igreja nas comunidades aonde se encontram mediante o amor fraterno, a fé comum e a diversidade de serviços e ministérios, os pastores são nessas mesmas e em todas as comunidades sinais e elos de comunhão dos cristãos servidores entre si e dessas comunidades com o conjunto de toda a Igreja, ou seja, das comunidades entre si e das comunidades contemporâneas com a comunidade nasceste de Jerusalem. Isso é possível pelo Sacramento da Ordem que receberam, não para serem cabeças – essa missão exclusiva do Senhor Jesus -, mas sacramentos de unidade, sinais e instrumentos de comunhão. De fato, a Ordenação sacerdotal capacita os pastores ser na Igreja Local, a presença da Igreja Católica.
Esse Ministério Pastoral é, pois constitutivo da Igreja. Isso significa dizer que não pode uma comunidade cristã ser plenamente Igreja sem a sua presença. Dai, decorre a múltipla manifestação ou concretização dos padres, diáconos e bispos. São esses bispos os sucessores legítimos dos Apóstolos instituídos por Jesus para presidir a comunhão de uma Igreja Local, a Diocese, auxiliados pelos padres - a quem confiam as comunidades e paróquias - e pelos diáconos - servidores da Palavra e da comunhão dos bens. Assim, esses Ministérios de Comunhão – dos bispos, padres e diáconos – carregam consigo as missões de evangelizar (Profetas), unificar e cuidar da vida (Pastores) e celebrar a gesta libertadora de Deus na História (Sacerdotes).
Esses Ministérios dos Bispos, Padres e Diáconos que no inicio foram confiados a homens e mulheres, casados ou solteiros, foram paulatinamente sendo confiado apenas aos homens e mais tarde aos homens solteiros. Foram as condições sócio-culturais que condicionaram a isso. Dai, que a Igreja poderá vir fazê-los mais plurais como antes, se as exigências contemporâneas impuserem. Entendemos assim, a restauração do Diaconato permanente confiado aos casados, pelo Beato Papa Paulo VI, bem como a iniciativa do Santo Papa João Paulo II de não exigir o celibato para os padres casados que retornaram à comunhão católica, vindos da Igreja Anglicana. Ou ainda a recente iniciativa do Papa Francisco de constituir uma comissão para estudar o acolhimento da mulher para o Ministério Diaconal.
Nesta semana rezemos, pois, pela Vocação Pastoral. Possam nossas crianças, jovens e até adultos acolherem essa Vocação tão necessária para a edificação da Igreja, chamada a construir o Reino de Deus no mundo, na história. “A messe é grande e os operários são poucos”!
Medoro, irmão menor-padre pecador