
A Igreja do Brasil celebra o Ano Mariano, comemorando os 300 anos do achado da imagem de Nossa Senhora Aparecida no Rio Paraiba do Sul. A Oração Jubilar sintetiza bem o que esses anos da imagem em terras brasileiras representam: 300 anos de bênção!
Senhora Aparecida, Mãe Padroeira, em vossa singela imagem, há 300 anos aparecestes nas redes dos três benditos pescadores no Rio Paraíba do Sul. Como sinal vindo do céu, em vossa cor, vós nos dizeis que para o Pai não existem escravos, apenas filhos muito amados. Diante de vós, embaixadora de Deus, rompem-se as correntes da escravidão! Assim, daquelas redes, passastes para o coração e a vida de milhões de outros filhos e filhas vossos. Para todos tendes sido bênção: peixes em abundância, famílias recuperadas, saúde alcançada, corações reconciliados, vida cristã reassumida. Nós vos agradecemos tanto carinho, tanto cuidado! Hoje, em vosso Santuário e em vossa visita peregrina, nós vos acolhemos como mãe, e de vossas mãos recebemos o fruto de vossa missão entre nós: o vosso Filho Jesus, nosso Salvador. Recordai-nos o poder, a força das mãos postas em prece! Ensinai-nos a viver vosso jubileu com gratidão e fidelidade! Fazei de nós vossos filhos e filhas, irmãos e irmãs de nosso Irmão Primogênito, Jesus Cristo, Amém!
O sentimento de fé e gratidão à Mãe de Deus, que esta oração exprime, implica dentro da tradição jubilar cristã em alguns compromissos. Afinal a oração que não se traduz em ação, como sabemos, é morta. A partir, pois, dessa consciência, a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – nos propõe algumas missões: vida orante a partir da Palavra, missão mariana junto às juventudes, compromisso libertador com a mulher negra empobrecida e o resgate do Rio Paraíba do Sul, cuja a poluição é como um grito que brada aos céus.
No Novo Testamento encontramos, nos muitos episódios em que Maria aparece envolvida, uma atitude radical de ouvinte da Palavra de Deus, de discípula número um do seu Filho Jesus. Nesse Ano Mariano é preciso aprender com Maria o silêncio que acolhe a comunicação de Deus-Pai: ela entrou no Mistério de Jesus, com o seu silencio de profunda comunicação. E não poderia ser de outra forma, pois o seu silêncio orante revela que estava de fato nas mãos do Pai; entregou-se a ele, deixou-se conduzir: silêncio da confiança (Mt 1,18-26), silêncio do acolhimento e da observação (Mt 2, 1-21), silêncio da compaixão (Mt 2, 16-18); silêncio da iniciação (Mt 2, 13-15), silêncio da alegria (Mt 2, 19-23), silêncio da resistência (Lc 2, 22-35), silêncio do respeito (Lc 2, 41-52) e silêncio da dor-esperança (Jo 19, 25-27).
Eis, pois a razão do maior elogio de Jesus à sua Mãe quando, frente a alguém do povo que gritou “felizes o ventre que te gerou e os seios que te amamentaram”, ele retrucou dizendo “Feliz quem ouve a Palavra de Deus e a põe em pratica” (Lc 11,27-28). A Igreja, a Comunidade dos seguidores de Jesus, não pode não ser uma assembleia de discípulos do Senhor. Eis a razão porque se multiplicam as pastorais e movimentos eclesiais para formar grupos de cristãos antenados na Palavra de Deus. Gostaria de destacar os Círculos Bíblicos que se multiplicam por toda cidade como forma de “Uma Igreja em cada rua” e os Grupos de Jovens da Pastoral da Juventude, dos movimentos Shanlon, Segue-me, EAC e outros. Igualmente as múltiplas pastorais catequizadoras, com destaque para a Pastoral dos Catecúmenos, para a iniciação cristã na comunidade dos seguidores de Jesus. Daí, que na próxima semana daremos continuidade à nossa reflexão, refletindo o desdobramento dessa vida orante discipular nas demais prioridades do Ano Jubilar Mariano quanto à juventude, a mulher negra e a ecologia.
Medoro, irmão menor-padre pecador