Irmãos e irmão9 na fé e mulheres e homens de boa vontade. Nesse 1º de maio iniciamos as celebrações do Ano Jubilar da Paróquia de São José Operário, no Bairro do Triângulo. A Capela construída em 1945 e dedicada a São José da Boa Morte foi em 1965 erigida em Matriz da nova paróquia, por Dom José Costa Campos “considerando o desenvolvimento material da cidade de Três Rios (...) e, devendo prover as necessidades espirituais do rebanho”.
Ao longo desses 50 anos, um rico trabalho evangelizador foi levado adiante por um laicato maduro e dedicado, com a animação e coordenação de 10 párocos que se sucederam, dos quais, 4 contaram com 8 coadjutores. E por dois anos a presidência da comunhão paroquial esteve sob os cuidados de Irmão Geraldo Salgado, da Congregação do Verbo Divino. Somaram esforços nessa missão três congregações religiosas femininas.
Hoje buscamos viver a comunhão da Igreja, o anuncio e o testemunho do Ressuscitado e a caridade social em cinco CEBs, Comunidades Eclesiais de base, nos bairros do Triângulo, Moura Brasil, Pilões, Ponto Azul e Ponte das Garças. Somos quase trezentos agentes de pastoral a serviço do conjunto do Povo de Deus, nos 102 serviços e ministérios eclesiais. E contamos com a presença e o apoio das Irmãs Filhas de São José.
Vivemos um belo e rico momento da história do bom povo trabalhador, que superados os anos difíceis da recessão econômica com o conseqüente desemprego, se vê diante de novas e numerosas possibilidades de trabalho numa cidade que se distingue hoje no país como a mais promissora com as empresas que aqui se instalam, pelo empreendorismo de seu mandatário municipal. Nossas comunidades são de gente lutadora, amável e acolhedora.
Mas temos alguns sérios desafios à nossa dupla missão evangelizadora e solidária. O modelo econômico vigente continua priorizando o lucro contra o trabalhador, o progresso financeiro contra o desenvolvimento social e assim o conjunto dos trabalhadores sofrem os pesos dos salários baixos e de uma infra-estrutura urbana ainda aquém de suas necessidades reais, não obstante os esforços envidados pelo poder público.
Precisamos formar parcerias com o poder público, a sociedade civil organizada e o terceiro setor para superação dessas distorções sociais, para o imperativo da justiça, para o dever da partilha/solidariedade e para a urgência de políticas públicas que resgatem a alegria de viver das novas gerações de crianças, adolescentes e jovens vítimas das drogas e da prostituição; como a dignidade dos que convivem com o vírus da AIDs; enfim a retomada do sentido e da qualidade de vida dos idosos.
Do ponto de vista da evangelização encontramos uma paróquia marcada pelo êxodo eclesial: somos apenas 40% de católicos numa população por volta de 10 mil habitantes. Uma Pastoral Missionária mais permanente, uma Pastoral da Acolhida mais afetiva e efetiva seguidas de uma Pastoral Catecumenal para a iniciação na vida cristã em comunidade devem engajar o melhor de nossos esforços para a comunicação da fé às novas gerações.
A catequese permanente almeja nesse ano jubilar formar novos Círculos Bíblicos que sejam “uma Igreja em cada rua”, além de uma Pastoral das Juventudes no mundo dos pobres. Daí uma liturgia inculturada no mundo afro-indígena-descendente que celebre a fé cristã segundo a índole religiosa da maioria de nosso povo; também o Ofício Divino das Comunidades com a Leitura Orante da Bíblia por uma profunda e atual espiritualidade libertadora.
O ano jubilar na Igreja, conforme a mais genuína tradição judaico-cristã deve ser um tempo de louvor e ação de graças pelos sinais das intervenções salvíficas e amorosas de Deus, tempo de penitencia, conversão e reconciliação pelas infidelidades, do passado e do presente, ao Senhor Jesus e ao seu Evangelho e tempo de fraternidade, solidariedade e, sobretudo, de compaixão pela vida ferida, ameaçada, maltratada, excluída e descartada.
Que São José Operário, no seu silêncio orante e em suas atitudes decididas de cuidado e proteção da vida indefesa, nos inspire e proteja nesse caminho jubilar!
Medoro, irmão menor e pecador