"Se a política eleitoral e a ação dos mandatários são as principais ferramentas de promoção do bem comum numa sociedade democrática,

não dá para dizer que o Cristão que assume verdadeiramente a sua fé

pode deixar de lado a política, uma vez que esta também é um importante instrumento de instauração da justiça social.” (Documento de Aparecida)

Como anunciamos aqui, foi realizada no último dia 31, terça-feira – e não segunda como foi equivocadamente digitado - a segunda reunião do Movimento Fé e Política em nossa Paróquia de São José Operário, no Triângulo. A presença foi muito boa, aproximadamente 40 pessoas, não só de nossa Paróquia, mas também de outras paróquias aqui de Três Rios, de Levi Gasparian e de Paraíba do Sul.

 

Militantes de partidos políticos, ativistas sindicais, ocupantes de cargos de direção no poder público, leigos com atuação no movimento popular e nas pastorais sociais da Igreja, deram seus testemunhos emocionados e emocionantes.

 

Essas pessoas falaram sobre sua participação nas lutas do passado, da influência do Concílio Vaticano II, da Teologia da Libertação e dos ensinamentos dos freis Betto e Boff, tão importantes em tantos processos individuais e coletivos de amadurecimento como cristãos católicos e pessoas participantes dos movimentos sociais e atores na vida política das comunidades. Lembraram igualmente e com grato carinho dos padres Rocha, Argemiro e Sebastião pelo protagonismo das CEBs e pastorais sociais em nossa diocese.

 

Uma unanimidade nos testemunhos foi a de que a vivência da Fé e a participação na vida política são inseparáveis. Nesse sentido, uma das analogias foi feita com a própria oração do Pai Nosso, com que a reunião foi aberta. Foi lembrado que nela Jesus Cristo pede que o nome do Pai seja santificado – reverenciado e jamais instrumentalizado em função do poder dominador -; pede ao Pai que o seu Reino seja uma realidade aqui na Terra, como no céu – um mundo novo não só possível, mas necessário -; que se pede “o Pão Nosso de Cada Dia”, nem pão demais, nem pão de menos – uma nova ordem econômica - ; que se pede o perdão que se esforça por oferecer – a reconciliação pessoal e das classes sociais -; que se pede enfim a libertação do mal que impede a vida ser bonita, feliz e fraterna.

 

Outro ponto importante da reunião foi a decisão sobre o evento que marcará o início concreto das atividades do Movimento Fé e Política entre nós. Nos dias 3, 4 e 5 do próximo mês de setembro, a Paróquia de São José Operário, em parceria com a Cáritas Diocesana, sediará um Seminário de Fé e Política. O tema será o mesmo da 5ª Semana Social Brasileira, da Igreja para este ano, intitulada Estado: para que? Para quem?.

 

Os participantes reagiram positivamente aos nomes que já confirmaram suas presenças. Entre eles estão o Frei Leonardo Boff, o deputado federal Alessandro Molon e os sociólogos Ivo Leubaupin e Pedro Ribeiro de Oliveira, duas das principais lideranças do Movimento Fé e Política a nível nacional. Ainda está sendo estudada uma forma de encerramento para o Seminário, no dia 6 de setembro. A idéia é a realização de uma atividade cultural que expresse a realidade da nossa região e se relacione diretamente com os temas ligados às lutas travadas no campo da Fé e Política. No dia 7 uma Romaria a Aprecida para celebrar o Grito dos Excluídos traz como tema: “Queremos um Estado a serviço da Nação, que garanta direitos a toda população!”

 

Na própria reunião foi organizada uma comissão de seis integrantes, responsável pela preparação do Seminário de setembro. Nesse sábado fizemos a primeira reunião.

 

No fechamento da animada e promissora segunda reunião foi projetado um vídeo com a apresentação do “Pai Nosso dos Mártires”, uma canção de Zé Vicente – um artista leigo muito ligado a Teologia da Libertação – em que são homenageados diversos cristãos tornados mártires por terem sido vitimados pela violência daqueles que não desejam a realização do Reino de Deus aqui na Terra. Entre esses mártires são lembrados irmãos como Dorothy Stang, Padre Josimo, Chico Mendes, Margarida Maria, Dom Oscar Romero, Padre Penido Bournier, e muitos outros irmãos que tombaram pela sua fidelidade ao Evangelho de Jesus Cristo.

 

Encerrando essa nossa conversa semanal reforço o convite para todos os homens e mulheres de boa vontade.  As portas estão abertas. A próxima reunião será em 22 de agosto.

 

Medoro de Oliveira