Amadas irmãs e irmãos na fé! Queridas pessoas de boa vontade!

Celebramos nesses dias, unidos a toda Igreja, a Semana Santa, o Mistério da vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. No Domingo de Ramos reconhecemos com os hebreus que Jesus é o enviado de Deus. Na segunda-feira recordamos o seu caminho de dor, a via-sacra. No unimos a Maria, sua e nossa Mãe, contemplando na terça-feira as suas sete dores. Na quarta-feira participamos do Ofício das Trevas, rezando com Jesus os quinze salmos de sua agonia. No anoitecer da quinta-feira – início já da sexta-feira, segundo o calendário judaico que muda as 18h – nos assentamos com Jesus na Ceia, quando vemos atualizado o Memorial de sua Páscoa, e recordamos a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio. E às quinze horas da mesma sexta-feira participamos da celebração da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Na dor extrema de Jesus brota a verdadeira alegria para todos os que foram banhados pela água que jorrou do seu lado aberto pela lança e bebem do vinho novo, o seu sangue igualmente jorrado dali, da ferida aberta junto ao seu coração pelo saldado. O silêncio do Sábado Santo nos possibilita, na oração e reflexão, esperar a ressurreição! A Vigília Pascal em sua riqueza de símbolos e de relatos das grandes páscoas nos faz participantes na noite de sábado para o Domingo de Páscoa do júbilo pelo encontro com o Ressuscitado. E o sinal indicativo é o túmulo vazio!

            A cada ano a riqueza litúrgica desses oito dias é uma fonte inigualável de renovação da vida cristã, de confirmação de que o caminho do amor-serviço é o único caminho que conduz à ressurreição e à vida plena! Aos discípulos desiludidos com o fracasso da cruz, o túmulo vazio comprava que Aquele que foi rejeitado e crucificado por ter dado a sua vida para arrancar a todos os crucificados de suas cruzes, teve sua vida, liberdade e missão aceitos por Deus-Pai, que o ressuscitou pela força do Espírito Santo! Sim. Deus-Pai confirmou Jesus frente à humanidade toda, derrotando definitivamente o pecado e suas forças de morte. A partir da ressurreição do Senhor Jesus a nossa vida tem sentido, tem futuro! Um tempo novo de esperança-certeza está aberto à humanidade e confiado ao anúncio e ao testemunho dos cristãos. Isso implica, por sua vez, cumprir adiante o Mandamento Novo do Amor, empenhando-nos na defesa, na proteção, no cuidado e na promoção da vida de todos. A ternura de Deus que pudemos experimentar na com-paixão de Jesus pelos pobres, enfermos e pecadores tornou-se então a missão de seus discípulos e discípulas, a razão de ser da Igreja.

            Vemos em nossos dias, como ao longo da história do cristianismo, as incontáveis iniciativas da Igreja em sua caridade social, na busca da fidelidade ao Crucificado-Ressuscitado. A sociedade mundial, por justiça, reconhece, não obstante todos os nossos pecados pessoais e institucionais, que a Igreja é perita em humanidade e que nenhuma instituição como ela fez tanto para os povos e pobres. Nessa coluna gostaríamos de felicitar aos cristãos leigos e leigas e às religiosas Filhas de São José pela empenhativa missão junto aos mais pobres de nossas comunidades, buscando libertá-los das pesadas cruzes que carregam. Hoje queremos destacar de modo especial - dentro do contexto da Campanha da Fraternidade que nos incita à solidariedade com todos o que vivem a vulnerabilidade, são traficados, explorados, abusados e escravizados - as Pastorais da AIDS e Mulher Marginalizada pelo trabalho discreto, amoroso e efetivo com as mulheres e travestis que trabalham nas casas de prostituição da Av. do Contorno. Nesta segunda-feira santa a via-sacra que ali acontece a quatro anos foi feliz e surpreendentemente presidida pelo novo bispo, Dom Nelson Francelino, que convidou a todos a contemplar a vida nova que nasce da caridade de Cristo no símbolo da casa vazia, qual túmulo vazio. De fato, uma das casas se fechou porque mais de sessenta mulheres que a duras penas ali viviam, recuperaram a auto-estima, abandonaram o vil trabalho de prostitutas para viver e trabalhar com dignidade. O amor gerou mais vida e esperança! Parabéns aos queridos agentes de pastoral! Abençoada Páscoa para todos!

Medoro, irmão menor-padre pecador.